O QUE QUEER EYE ME ENSINOU SOBRE OS HOMENS?

COLUNA FRIDA

POR VIVIANE BECCARIA

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Durante todo esse mês, vou falar um pouquinho sobre a cultura pop no universo das relações humanas e a minha visão sobre o feminismo em diferentes aspectos (mesmo que não tenha sido a intenção específica das manifestações em questão). Iniciarei com o fabuloso (permiti-me o trocadilho) Queer Eye.

Queer Eye é um reality que todos devem assistir! Ele é uma nova roupagem da série original Queer Eye For the Straight Guy, que foi transmitida pelo Canal Sony no início dos anos 2000. A proposta inicial da série sai totalmente do lugar comum: cinco homens homossexuais se reúnem para transformar a vida de outros homens que perderam o real sentido de viver ao se envolverem demasiadamente com seus afazeres e preocupações relacionadas aos seus papeis sociais.

Os FAB 5 formam um grupo totalmente diferente, ao mesmo tempo complementar, pois cada um deles é responsável por uma área específica:  Antoni (meu favorito) é especialista em gastronomia, Bobby é designer, Karano é o expert em cultura, Jonathan trata dos cuidados pessoais e Tan sabe tudo sobre moda. Juntos, eles cuidam da autoestima de homens que buscam reencontrar suas essências.

As histórias relatadas em cada episódio mostram a necessidade de quebrar paradigmas que aprisionam seus personagens e o quanto é importante estarmos dispostos para nos colocarmos no lugar do outro. Quando a empatia ocorre, as diferenças são respeitadas, discutidas e superadas.

Não há como não se envolver com o senhor que tem medo de buscar o amor por se achar feio demais, com o jovem e adorável rapaz que tem medo de assumir sua homossexualidade, além do policial, eleitor de Trump, que acredita fielmente que todas as vidas importam. Apesar de distintos, todos os homens retratados tentam buscar forças para lutar contra aquilo que aprenderam desde muito jovens e acreditaram tratar-se de verdades imutáveis.

A série é honesta ao apresentar a tensão inicial entre os participantes e os FAB 5, a desconfiança com o diferente em ambos os lados. Ao mesmo tempo, é mostrado o quanto é importante estar aberto para conhecer, sem questionamentos, nem preconceito, com o objetivo de evoluir como indivíduos.

Os homens tocados pelos FAB 5 aprenderam lições valiosas como compreender que sua imagem pessoal é o espelho de seu espírito e isso não coloca à prova a masculinidade, que não deveria ser tão frágil quanto a sociedade patriarcal afirma ser, que os deveres de casa devem ser compartilhados, que sua sexualidade não define caráter, entre outras questões fundamentais e obrigatórias para a conquista da equidade dos gêneros e indivíduos.

Queer Eye é um alento para as mulheres que perderam a fé nos homens e uma inspiração para homens que desejam ser o que realmente são. A primeira temporada é concluída com uma edificante, sem ser piegas, mensagem de que todos nós temos um ardente desejo de mostrar nossas essências e sermos aceitos e amados por isso, sem máscaras, sem rótulos, sem padrões pré-estabelecidos. É isso que nos torna muito mais iguais que diferentes.