Coluna | FRIDA
Dizem por aí que a mulher é capaz de realizar inúmeras tarefas ao mesmo tempo, sendo essa habilidade invejada e ovacionada por homens há inúmeras gerações. Essa admiração nada mais é que uma manobra da sociedade patriarcal para que homens justifiquem sua falta de capacidade (ou seria falta de vontade?) em compartilhar tarefas com suas parceiras. Todos aceitam, até mesmo riem disso, e nada é modificado, mesmo notando-se o quanto isso é prejudicial.
A mulher, na sensação de importância e sendo considerada base fundamental no cenário familiar, apossou-se dessa ilusão, criando uma identidade que quebrou o paradigma de “sexo frágil”. Será que esse panorama é real? Diante dessa perspectiva, convido xs leitorxs (dou-me o direito de neutralizar o termo) a uma reflexão:
O totalitarismo feminino restringe-se apenas ao âmbito familiar/doméstico e isso se dá de forma que se assegure a multiplicação de tarefas da mulher, o que a responsabiliza não somente às tarefas e escolhas domésticas, mas também ao trabalho formal, fora de casa.
A argumentação machista afirma que a culpa do acumulo de funções femininas é única e exclusivamente nossa, pois lutamos por muitos anos para termos direito à voz e ao protagonismo de nossas vidas. Ora, se a mulher conquistou o espaço fora do ambiente familiar, cabe aos homens também compartilhar a manutenção do lar.
Acredito fervorosamente que o acúmulo de funções tornou-se um grande obstáculo para a evolução humana em sua totalidade e o que agrava essa situação é o fato das mulheres acharem que esse cenário favorece o fortalecimento de sua imagem perante a sociedade, e o que ocorre é exatamente o contrário. O que se percebe é o aumento das doenças físicas e mentais, em sua grande maioria no sexo feminino – não deixando, em hipótese alguma, de considerar o masculino também – em uma perspectiva que determina fortemente papéis específicos, nos transformando reféns em nosso meio.
É de nossa responsabilidade, pais do século XXI, criarmos um ambiente mais amigável para as meninas e os meninos dessa geração, na qual não há determinismo perante as funções sociais. Com o compartilhamento de funções, a vida de todos os gêneros se torna mais fácil, garantindo relações harmoniosas e menos abusivas. A humanidade precisa compreender que cada indivíduo é responsável pelo seu próprio bem-estar e manutenção de seu ambiente, consequentemente, podem transmitir empatia e segurança a todos que os cercam. Logo, isso não deve ser função de um gênero específico.
É de extrema importância ser mais solidário com todos os indivíduos. Somente com uma abordagem humanista e consciente, podemos fazer com que a mulher polvo seja apenas mais uma lenda urbana, que jamais será condizente com a realidade.