AS VELHINHAS DE MAIÔ PRETO – LAÍS REIS

 

O vento quebra,
destelha as casas,
faz voar as crianças.

O tempo é um
vento que resiste
no grão do lado
errado do tempo.

Passa a janela, o lado de dentro é o mar,
mar adentro, um grão sem o gosto do
mar, mas da chuva, do vento travado.

As casas sem telhado,
as crianças pelos ares,
as velhinhas tomam banho no fim de tarde,

jogam a água da beirada sobre as costas,
sobre os maiôs pretos e
molham o pescoço.

Tempestade,

o tempo
é um fim de tarde
antes da hora,
é a revolta
do vento travado
na costa.

As crianças sobrevoam as casas sem telhado,
um grão do lado errado da ampulheta,

as velhinhas tomam banho,
no fim de tarde.

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Laís Reis 
(Facebook), nascida em São Bernardo do Campo em 1989. Tem formação em Letras, Português e Latim Clássico, pelas Universidades de São Paulo e Coimbra e realiza mestrado na mesma universidade em Filologia Portuguesa, estudando a vídeo poesia de Ernesto Melo e Castro. É poeta e proprietária do canal do Youtube Deslise. Participou da Cooperativa da Invenção: Poesia e Tecnologia (2017) e Curso Livre de Preparação de Escritores (CLIPE – 2019), na Casa das Rosas onde também realizou a performance Estigmacão. Publicou “Faixa 2” (poema Ctrl Golpe) na revista Ctrl+Verso (giostri 2017) e recebeu o prêmio de melhor vídeo-poema no concurso Desvairada de Poesia 2017 e 2019, com os vídeos “Poema de Verão, “Eu quero a Explosão” e “Ferramentas da Queda”.

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Poema de: Marcelo Valadoica (facebook), mora em São Paulo, trabalha em uma livraria, participou do Literatura de Programa, integra o Clipe 2019 de poesia e lançou três livros sem Isbn.