a insônia cava fundo
o solo meandroso da memória
reanima a cismada
semente que não vingou
assentam-se raízes recônditas
sob céu displicente cresce o arado
gordas gotas de imaginação
irrigam em vida o que antes fora morto
o aroma do café coado
a manteiga derretida no trigo
o beijo recebido na fronte
o tenha cuidado levado no bolso
a insônia é
o esquecimento desperto
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Rafael Mendes publicou pela editora Urutau, em 2018, sua primeira coletânea um ensaio sobre o belo e o caos, lançada no Brasil e Europa. Seus poemas foram publicados na antologia writing home: the new irish poets, pela Dedalus Press na Irlanda. Seus poemas já foram publicados pela revista ruído manifesto, revista gueto, literatura & fechadura, entre outras.