MEU MELHOR AMIGO – ALÊ MOTTA

Coluna | Precisão


Meu melhor amigo estava internado no hospital, e ontem morreu. A gente voltou do enterro tem meia hora. O cemitério é feio e tem cheiro de flor murcha. A mãe dele não fala nem uma palavra desde que soube da sua morte.

É a dor, minha mãe explicou. A dor tira da gente as palavras.

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Alê Motta nasceu em São Fidélis, interior do estado do Rio de Janeiro. É arquiteta formada pela UFRJ. Participou da antologia 14 novos autores brasileiros, organizada pela escritora Adriana Lisboa. É autora de Interrompidos (Editora Reformatório, 2017) e Velhos (Editora Reformatório, 2020).

(Imagem John Derian)