Coluna | Precisão
O locutor da rádio queria dar notícias extraordinárias. Como quase nunca havia notícia de impacto, ele inventava desgraças e alegrias. Noticiava tão bem, que convencia a todos.
Roubo de porcos, sumiço de cabritos, dinheiro que aparecia nas pedras da cachoeira, cantor sertanejo que planejava fazer show gratuito na cidade. Coisas que nunca aconteceram e nunca acontecerão, mas se transformavam na fofoca da semana.
Ele sabia manter a audiência.
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Alê Motta nasceu em São Fidélis, interior do estado do Rio de Janeiro. É arquiteta formada pela UFRJ. Participou da antologia 14 novos autores brasileiros, organizada pela escritora Adriana Lisboa. É autora de Interrompidos (Editora Reformatório, 2017) e Velhos (Editora Reformatório, 2020).