BRUJA – LAURA NAVARRO

|SENHORAS OBSCENAS
Por Laura Navarro 

Trancar-se no banheiro da faculdade
Queria me ver pintada pintura cubista meio freak
Desnuda luz apagada e com os olhos saltados
Lábios doces
Balinhas de limão que vendem na rua
A minha sina manchas no peito de uma manhã de açougue
Rezei pedindo desculpa gratidão por esse canibalismo infernal
Que a gente come
Dos paus bocetas e cus jorrando tudo o que é possível

Sinestesia molhada das cachoeiras de Visconde de Mauá vermelha e safada
Porta trancada e corta-barulho ninguém nos vê a verdadeira bandeira suja de gozo
Em nosso estado primitivo
A lei é fraca como a carne
Eu citei Dostoiévski de novo enquanto debatia as cabeças nas privadas toda mulher é
Epilética
De vez em quando
E você tampa meu murmúrio animalesco gata no cio
Quero
Saborear o purgatório dentro da minha
Garganta

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Laura Navarro. São Paulo. Aquariana com Ascendente em Leão e Mercúrio em Peixes, este último sua maior carta na manga. Gosta de se reinventar, principalmente por meio de devaneios, paixões e simbologias ocultas. Estes que lhe renderam a publicação de Claire de Lune (Patuá, 2016) e Natasha (Patuá, 2018), além da plaqueta Sinestesia (Primata, 2019). Inspirada por diversos movimentos artísticos e literários, se liga principalmente ao simbolismo, ao arcadismO, ao ultra-romantismo e ao expressionismo, tendo ligações com poesia erótica, elegíacas e as de cunho puramente experimental, que abordam uma infinidade de diálogos, em especial com teorias da psicologia, do teatro e da comunicação. Laura é, atualmente, estudante de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, e divulga regularmente seus textos no blog GOTH MATRYOSHKA