|SENHORAS OBSCENAS
Por Sonia Nabarrete
Ode à siririca
No ritmo, tempo e intensidade desejados
É o gozo garantido, com direito
A ohs, uis e ais sussurrados ou sustenidos
É o prazer escancarado, em resposta
a todos os broxas, brutos e apressados
Liberta as fantasias mais secretas
Enquanto explora o meio das pernas
Num impulso instintivo, soberano
Momento eu me amo
Hora de desbravar um imenso
Repertório, de dar inveja às
Meninas da Major Sertório
E fazer a homenagem da vez
A alguém que de fato conheceu
Ou a um improvável Romeu
Dá para comer o Chico, o
Caetano, o Antonio Bandeiras
Todos na mesma esteira
E ainda a Gisele e a Madona
Quando o desejo vem à tona
Dá para pegar todo mundo junto
Dá para comer até defunto
O limite é a imaginação
Quando os dedos entram
Em ação e nunca é preciso
Pedir: por favor, não pare não
Palavra de ordem
Mais amor, mais atitude
Na cama, nada de fast-food
Depois
Após a paixão,
Momento ameno
Feito flor no sereno
Orvalhamos
Amanhecemos
Gangorra
Vida de amante
É oscilante
Um dia Jardim do Éden
No outro, inferno de Dante
Oferenda
A cama se fez tenda
Um ritual de oferenda
Falo e fenda
Em harmonia
Soneto sem emenda
Só pura poesia
Uau!
Delírio momentâneo
Paraíso instantâneo
O orgasmo simultâneo
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Sonia Nabarrete é jornalista profissional e atualmente trabalha como freelancer na produção e revisão de textos. É autora da novela Eretos e de Contos Safadinhos, além de ter participado de várias antologias, de contos e poemas, no Brasil e em Portugal. Sua escrita é marcada por erotismo, sob olhar feminino e feminista, e um toque de humor. Foi selecionada por cinco vezes para coletânea do Concurso de Microcontos do Salão de Humor de Piracicaba.