|Palimpsesto
Por Vera Saad
Palimpsesto é o nome dado ao ato de raspar um pergaminho para se escrever em cima, haja vista seu alto valor. Na literatura, podemos pensar no palimpsesto como uma metáfora sobre a escrita, até que ponto nossas influências literárias estão presentes naquilo que escrevemos.
No meu blog, de mesmo nome, eu costumava fazer o que chamava de “raspadinhas”, quando apontava outros textos literários nas entrelinhas do que lia de fato. Elucidarei com alguns exemplos:
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Patricia Highsmith
Outra raspadinha: quem leu The Brooklyn Follies de Paul Auster precisa conhecer o misterioso pintor Derwatt de Patricia Highsmith em Ripley under ground. (ou vice-versa).
quarta-feira, 27 de junho de 2007
TANIZAKI
Outra raspadinha: para quem gostou de O sol se põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho, uma sugestão de leitura, no mínimo, interessante: Junishiro Tanizaki. Na obra Voragem do escritor japonês também há um triângulo amoroso, narrado por uma voz que se confunde entre as personagens (persona, nesse caso, é máscara!) e as cartas amorosas.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Lúcia Bettencourt, Eça de Queiroz e Homero
Outra(s) raspadinha(s): (estas inspiraram meu blog, e acho que Lúcia B. sabe disso) não é difícil perceber o Canto V da Odisseia no conto “A Perfeição” de Eça de Queiroz. O conto “Perfeição” de Lúcia B. vai mais além. Oculta canto e conto em um só fôlego nas entrelinhas de suas frases.
Creio que esses exemplos tenham assinalado o quanto um escritor reverencia outros, inconsciente ou conscientemente, enquanto escreve.
Escreverão nesta coluna, portanto, escritores que admiro e que, de alguma maneira, me influenciam. Espero que, assim como eu, os leitores possam usufruir dos textos que aqui serão publicados. E sejam todos, escritores, leitores, escritores/leitores, muito bem-vindos!
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Vera Saad é autora dos romances Dança sueca (Patuá, 2019) e Telefone sem fio (Patuá, 2014) e do livro de contos Mind the gap (Patuá, 2011), Vera Saad é jornalista, mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC – SP e doutora em Comunicação e Semiótica também pela PUC – SP. Ministrou no Espaço Revista Cult curso sobre Jornalismo Literário em 2012. Tem participações nas revistas Cult, Língua Portuguesa, Metáfora, Portal Cronópios e revista Zunái. Vencedora do concurso de contos Sesc On-line 1997, avaliado pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, foi finalista, com o romance Estamos todos bem, do VI Prêmio da Jovem Literatura Latino-Americana. Seu romance Dança sueca foi selecionado pela Casa das Rosas para o projeto Tutoria, ministrado pela escritora Veronica Stigger.