INDEVIDAS PROJEÇÕES – LORRAINE RAMOS ASSIS

Coluna | Senhoras Obscenas


a fagulha da mania dos dias anteriores ao reencontro
impulsionada pelo anseio dos toques, junto a indevida
falta de maturação na projeção de um para o outro
faz-se constante na praça do chafariz de marselha (ou seria de paris?)

pensamentos adversos subjazem
em ácido clorídrico
amargura da corrosão que é vendida em centros de atacado
está na maior das demandas
do autosserviço local

da distorção da materialidade
aflui o falso entendimento das interações sociais

um questionário que despenca nas mentes dos que passam pelo canal da praça
pergunta se esses se alimentam corretamente
se utilizam de substâncias psicoativas
ou se apenas estão estarrecidos e melancólicos

da resposta afirmativa, os dedos norteiam para a árvore
resplandecente
encontrada no centro da praça
diagnóstico precoce, mas eficaz para um problema local

eficaz como paliativo da projeção
da cura que não se cura, mas engana por sua fé, ânimo e mania
tornando-os menos estarrecidos por uma vida envolta em corrosões

necessito passar
circundando essa mesma árvore e sua extensão do parque verdejante
para chegar perto de sua silhueta, que outrora fora mais um exemplo de projeções a ti

eles dizem que o diagnóstico é intermitente
vai e volta, como as incertezas que nos circundam
mas um porém é dado como uma queimação nos tecidos epiteliais

“esse fluxo não é intermitente. ele vai durar para sempre’’, dizia a pichação que ironicamente, por sua vez, era intermitente

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Lorraine Ramos Assis (@catarsesoculares) é uma artesã do caos. Carioca, nascida em 1996, mais conhecido como o ano do ”fim do grunge”, se atém ao rompimento de nossas zonas de conforto. Contribuiu para Ruído Manifesto, Senhoras Obscenas, Diversos Afins e Vício Velho, além de ter participado da Antologia Ruínas, da editora Patuá.