Coluna | Alguma coisa em mim que eu não entendo
batráquio
sorriso
pó
eu tu ele nós vós e eles
também
gastronômico
indubitavelmente
maforrico
azul
dentro
fora
entre
saia
cal
qual
onde
sempre
antônimos
parônimos
sinônimos
embora não
cognatos
porque solfejos
feitos nuvem
ciranda
deus
abstrato
neopalpável
a abrir
todavia fechar
porém re
anti sim
sem não
sobretudo ué
fom fom
kabuletê
talhado
encravada
pobrema
ilegível
cabeleleiro
trema
saudade
ausência
enjambe-
ment
arcaísmo
pernóstico
internet what
else
je ne sais
quoi
cabrón
flor
amiúde
científicomédico
tipo assim
parafuso
parapeito
paredão
paraná
pataxó
podexá
ou
bem putinho
pari passu
pé de vento
poxa
ponto-e-vírgula
pausa
distração
unhas arranhando o quadro negro
qual o quê
qualé mermão
palíndromo
ovo
às sete
em nove
do meu
sentimento
cheio de
esvaziar
o que amarga
e não se entende
nem se pode evitar
escolha as palavras
(com seus
esc(a/o)ndidos silêncios)
e diga um poema
(mas não me conte)
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Thássio Ferreira é escritor, autor de (DES)NU(DO) (Ibis Libris, 2016), Itinerários (Ed. UFPR, 2018) e agora (depois) _(Autografia, 2019). Tem poemas e contos publicados em revistas e antologias, como Revista Brasileira (nº 94), da Academia Brasileira de Letras, Escamandro, Gueto, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Germina, Revista Ponto (SESI-SP), aqui na Vício Velho, InComunidade (Portugal), e outras. Seu conto _Tetris foi o vencedor do Prêmio Off Flip 2019, e seu livro inédito Cartografias, finalista do Prêmio Sesc 2017. Foi editor e curador da Revista Philos de Literatura Neolatina. Mantém página no Facebook, no Instagram e uma coluna quinzenal na revista Vício Velho.
(Imagem Tracie Andrews)