Coluna | Alguma coisa em mim que eu não entendo
# cássia elis
então é isto
que você tem
a dizer no dia
da morte dela
ainda que tenha
sido isto
(enquanto a outra
ela diz: era melhor
que todos nós)
vocês também veem
as parecências?
(cocaína, vociferam
revistas — hienas!
mas nos interessam
a voz
e os dentes)
# amy
a cantora no palco
a postos (em punho)
a banda
o público
o tempo
e dionísio
aguardam em vão
a cantora
louca
gira
louca
sem
lógica
nenhuma
feito não-bailarina
e não
canta
# estrofe a cazuza
ah, pai cazuza!
todos os meus prazeres
são risco de vida
não é toda vida sempre
um risco a si mesma?
# i wish
doctress nina simone
cantando dindi like a river
that can(’t) find the sea
_______________________
Thássio Ferreira é escritor, autor de (DES)NU(DO) (Ibis Libris, 2016), Itinerários (Ed. UFPR, 2018), agora (depois) _(Autografia, 2019) e Nunca estivemos no Kansas (Patuá, 2022). Tem poemas e contos publicados em revistas e antologias, como Revista Brasileira (nº 94), da Academia Brasileira de Letras, Escamandro, Gueto, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Germina, Revista Ponto (SESI-SP), aqui na Vício Velho, InComunidade (Portugal), e outras. Seu conto _Tetris foi o vencedor do Prêmio Off Flip 2019, e seu livro inédito Cartografias, finalista do Prêmio Sesc 2017. Foi editor e curador da Revista Philos de Literatura Neolatina. Mantém página no Facebook e o Instagram