“FELICIDADE SE ACHA É EM HORINHAS DE DESCUIDO?” (GUIMARÃES ROSA – MAS A INTERROGAÇÃO É MINHA) – THÁSSIO FERREIRA

Coluna | Alguma coisa em mim que eu não entendo


 

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no filme
“há um tempo certo
pra cada tipo
de felicidade”

penso
há um tipo certo
de felicidade
pra cada tempo

busco
precioso segredo:
a felicidade (in)certa
de/a cada momento

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a cada dia ser
mais como o cão
que sequer é meu
o cão é em si

(sem se importar
se outros cães
são felizes)

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relendo um caderno antigo
reencontro em letra minha:
a felicidade também
é uma disciplina

onde antes era sábio
e nem sabia
hoje tudo que enxergo
é poesia

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Thássio Ferreira
 é escritor, autor de (DES)NU(DO) (Ibis Libris, 2016), Itinerários (Ed. UFPR, 2018), agora (depois) _(Autografia, 2019) e Nunca estivemos no Kansas (Patuá, 2022). Tem poemas e contos publicados em revistas e antologias, como Revista Brasileira (nº 94), da Academia Brasileira de Letras, Escamandro, Gueto, Mallarmargens, Ruído Manifesto, Germina, Revista Ponto (SESI-SP), aqui na Vício Velho, InComunidade (Portugal), e outras. Seu conto _Tetris foi o vencedor do Prêmio Off Flip 2019, e seu livro inédito Cartografias, finalista do Prêmio Sesc 2017. Foi editor e curador da Revista Philos de Literatura Neolatina. Mantém página no Facebook e o Instagram